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quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Sobre a Morte - fragmentos filosóficos




Parece ser importante que aprendamos a conviver tranquilamente com a certeza da efemeridade da existência. Os animais vivem e desaparecem com a mesma indiferença: uns poucos minutos de temor, uns quantos segundos de angústia e tudo termina. (BAZZO, 1979) 

“Aquele que morre apenas está adiantado em relação a nós, porque todos vamos na mesma direção.” O ser-aí de repente não é mais. (HEIDEGGER, 1997, p.23) Mas o seu fim decerto é o nada?

Segundo Rogério Passos alguns pesquisadores tais como Ian Stevenson, Bruce Greyson e Gary Schwartz vêm desenvolvendo métodos de investigação empírica e coletando evidências favoráveis à verdade da tese da sobrevivência da consciência (ou alma ou espírito) após a morte do corpo físico. Tais evidências são coletadas em fenômenos conhecidos como memórias espontâneas de vidas passadas, experiências de quase-morte e obtenção de informações verificáveis por meios mediúnicos. “O autor argumenta que a evidência coletada é contrária tanto ao fisicalismo em ciência e filosofia, quanto a alguns dogmas sobre a alma e sua sobrevivência após a morte do corpo no catolicismo, no protestantismo, no budismo e hinduísmo.” (SEVERO, Rogério, 2009, p.76)

Bibliografia:

HEIDEGGER, Martin. “O Conceito de tempo” e “ A questão da técnica”. Trad. Marco Aurélio Werle. Cadernos de Tradução, nº 2. São paulo: Departamento de Filosofia. USP, 1997.
SEVERO, Rogério Passos. Evidências Empíricas da Vida após a Morte, in: Anais do III Congresso Brasileiro de Filosofia da Religião, Brasília, 2009, p.76
WIKIPÉDIA. Bruce Greyson. Disponível em: http://en.wikipedia.org/wiki/Bruce_Greyson
WIKIPÉDIA. Gary Schwartz. Disponível em: http://en.wikipedia.org/wiki/Gary_Schwartz
WIKIPÉDIA. Ian Stevenson. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ian_Stevenson


 

5 comentários:

  1. (1ª parte)

    Essa concepção [dualismo de substâncias, ou dualismo cartesiano] será atraente a muitos, por uma outra razão: a de que ela ao menos mantém a possibilidade de que a mente possa sobreviver à morte do corpo (embora, sem dúvida, não o garanta). Ela não garante a sobrevivência da mente porque, ainda assim, é possível que a forma peculiar de energia que estamos supondo constituir uma mente seja produzida e sustentada unicamente em conjunção com a forma altamente complexa de matéria que chamamos de cérebro, e que, portanto, ela também se desintegre quando o cérebro se desintegra. Assim, as perspectivas de uma sobrevivência à morte são muito pouco claras, mesmo se admitimos a verdade do dualismo popular. Porém, mesmo que a sobrevivência após a morte fosse uma consequência clara dessa teoria, há uma armadilha que devemos aqui evitar. A promessa de sobrevivência pode ser uma razão para se desejar que o dualismo seja verdadeiro, mas ela não constitui uma razão para se acreditar que ele é verdadeiro. Para isso, seria necessária uma prova empírica independente de que as mentes de fato sobrevivem à morte permanente do corpo. Infelizmente, e apesar da exploração espalhafatosa dos jornais sensacionalistas (MÉDICOS PROVAM A VIDA APÓS A MORTE!!!), nós não temos uma tal prova.
    Como veremos mais adiante nesta seção, quando passarmos para nossa avaliação dessa hipótese, as provas positivas da existência dessa substância original, não-material e pensante são, em geral, muito parcas. Isso levou alguns dualistas a articular formas ainda menos radicais de dualismo, na esperança de reduzir um pouco mais a lacuna entre as teorias e as provas disponíveis.

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  2. (2ª parte)

    O último argumento em defesa do dualismo recorria à existência de fenômenos parapsicológicos, tais como a telepatia e a telecinese, sua força sendo derivada da afirmação de que tais fenômenos mentais (a) são reais, e (b) estão além de uma explicação puramente física. Esse argumento é na verdade uma outra instância do argumento da irredutibilidade discutido anteriormente e, como antes, não é absolutamente evidente que tais fenômenos, mesmo que reais, devam ser definitivamente refratários a uma explicação puramente física. O materialista já pode sugerir um mecanismo para a telepatia, por exemplo. Em sua opinião, o pensamento é uma atividade elétrica no interior do cérebro. Mas, de acordo com a teoria eletromagnética, tais movimentos das cargas elétricas devem produzir ondas eletromagnéticas que se irradiam na velocidade da luz e em todas as direções, ondas que conterão informações sobre a atividade elétrica que as produziu. Tais ondas podem, subsequentemente, ter efeitos sobre a atividade elétrica de outros cérebros, isto é, sobre seu pensamento. Pode-se chamar essa teoria de "teoria do transmissor/receptor de rádio" da telepatia.
    Não estou sugerindo de forma alguma que essa teoria seja verdadeira: as ondas eletromagnéticas emitidas pelo cérebro são assombrosamente fracas (bilhões de vezes mais fracas que o fluxo eletromagnético de fundo sempre presente e produzido pelas estações de rádios comerciais) e muito provavelmente também estão irremediavelmente embaralhadas entre si. Esta é uma razão por que, na ausência de provas sistemáticas, incontestáveis e reprodutíveis que comprovem a existência da telepatia, deve-se duvidar de sua possibilidade. Mas é significativo que o materialista tenha recursos teóricos para sugerir uma explicação possível e detalhada da telepatia, caso ela venha a se mostrar real, o que é mais do que qualquer dualista até agora conseguiu. Não é, portanto, de forma alguma evidente que o materialista deva estar em desvantagem, em termos de explicação, nessas questões. Na verdade, trata-se do inverso.
    Pode-se, no entanto, deixar de lado essa discussão, pois a principal dificuldade com o argumento dos fenômenos parapsicológicos é muito, muito mais simples. Apesar dos pronunciamentos e relatos sem fim que aparecem na imprensa popular, e apesar do fluxo constante de pesquisas sérias em torno de tais questões, não existem provas significativas ou dignas de confiança de que tais fenômenos nem mesmo existam. A ampla lacuna entre a convicção popular com respeito a essa questão e as provas efetivas é algo que por si só exige pesquisa. Pois não existe um só efeito parapsicológico que possa ser reproduzido repetidamente, ou de modo confiável, em algum laboratório equipado de modo adequado para realizar e controlar as experiências. Nem um sequer. Pesquisadores honestos têm sido repetidamente tapeados por charlatões "paranormais" com habilidades derivadas da atividade dos mágicos, e a história desse tema é, em grande parte, uma história de ingenuidade, seleção de provas, controles experimentais precários, e fraude pura e simples, até mesmo por parte de um ou outro pesquisador. Se alguém efetivamente descobrir um efeito parapsicológico que possa ser reproduzido, então teremos de reavaliar a situação, mas, da forma como as coisas estão, não há nessa esfera nada que possa dar sustentação a uma teoria dualista da mente.

    Paul M. Churchland
    Matéria e Consciência
    1988

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    1. Sim Pedro! Muito bom este trecho que citastes. Este livro agora está na minha lista de leituras a serem feitas. Que as pesquisas continuem!

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  3. Como bem observado pelo colega acima:
    "Apesar dos pronunciamentos e relatos sem fim que aparecem na imprensa popular, e apesar do fluxo constante de pesquisas sérias em torno de tais questões, não existem provas significativas ou dignas de confiança de que tais fenômenos nem mesmo existam".
    Os cientistas sofrem com sérias interferências provocadas por charlatões e pessoas mal intencionadas interessadas em produzir falsas evidências.
    ... e quanto a seguinte questão, "o seu fim decerto é o nada?", levantada no começo do texto, Lavoisier (1743-1794) resolve facilmente: "NADA SE CRIA. NADA SE PERDE. TUDO SE TRANSFORMA".

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    1. Sim Bruno! No caso do nada, os sentidos são diferentes. Quando eu disse nada, lá em cima, eu quis dizer ausência de personalidade, de consciência e não colocar em dúvida se a matéria do corpo continuaria ou desapareceria.

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